Racionalizando em sua Mente x Compreendendo no seu Espírito (Capítulo 2)
by Craig Hill - "Enganado Eu?"
Craig Hill
Terry era uma jovem cristã muito atraente. Ela veio ao meu escritório achando que eu pudesse ajudá-la numa questão de negócios. Ela havia considerado bem todas as opções, mas continuava indecisa e esperava que eu pudesse lhe dar uma palavra do Senhor, ou, pelo menos, um conselho sábio e divino.
Fiquei um pouco inseguro, pois eu não tinha certeza de qual caminho ela deveria seguir. Ela esperava que eu lhe fornecesse uma resposta de Deus, e, se eu falhasse, ela acharia que eu não era muito espiritual.
Então, o Espírito Santo me falou: “Arrependa-se do orgulho. Pare de se preocupar com a sua reputação e de tentar descobrir o que falar. Ouça-me no seu espírito, e eu lhe direi como aconselhar.” Eu me arrependi e comecei a permitir que o Senhor falasse ao meu espírito.
Primeiro, perguntei a Terry o que o Senhor lhe havia mostrado sobre a situação. Ela disse que havia orado muito, mas Deus não lhe havia mostrado nada. Perguntei se o Senhor falava com ela regularmente sobre outras áreas. Ela respondeu: “Ultimamente, não.” Então, eu lhe perguntei se ela sabia por que ela não estava ouvindo a Deus. Ela não sabia.
O Senhor me havia mostrado que ela não estava compreendendo muito em seu espírito, mas estava raciocinando tudo, inclusive o seu relacionamento com Ele, em sua mente. Eu disse: “Vamos orar e perguntar ao Senhor por que você não O tem escutado.”
Ao orarmos, a palavra “amargura” pulou do meu espírito para a minha mente. Perguntei a Terry se ela estava amargurada com alguém e se guardava ressentimento contra essa pessoa. Ela não se lembrava de ninguém.
Eu disse: “Vamos orar novamente. Dessa vez, abra o seu espírito para escutar Seu Pai Celestial. Ele lhe mostrará qualquer área de amargura.”
Logo depois que começamos a orar, Terry começou a chorar. Perguntei-lhe o que havia acontecido. Ela começou a falar sobre um homem com quem noivara havia um ano e meio. Ela o amava muito e achava que ele havia cometido um erro ao romper o relacionamento, o que a feriu profundamente. Deus lhe havia mostrado que ela continuava amarga e irada com esse homem por ele tê-la magoado tanto.
Oramos novamente, e Terry se arrependeu da amargura e permitiu que o sangue de Jesus começasse a purificá-la e a curá-la. Enquanto estávamos orando, o Senhor falou ao meu espírito: “Ela se sente da mesma maneira com relação a Mim. Ela está irada e amargurada Comigo também.” Compartilhei isso com Terry e ela começou a chorar novamente enquanto o Senhor a convencia disso. Ela começou a compartilhar que, até então, não percebia isso, mas estava irada com Deus. Ela sentia que, se Ele realmente a amasse ou se importasse com ela, Ele já lhe teria providenciado um marido. Ela estava sozinha e desejava desesperadamente um marido. Terry havia sido rejeitada por homens várias vezes no passado. Sem perceber, bem no seu interior, ela culpava Deus por toda a rejeição e pela falta de um marido.
Em sua mente, Terry havia formado, bem cedo, uma imagem de si mesma como sendo constantemente rejeitada pelos homens. Quase toda vez que ela conhecia um homem por quem se interessava, ela esperava que ele, no final, a rejeitasse. Essa profecia se cumpriu por si só. O que havia acontecido? Ela havia interpretado experiências baseadas, incorretamente, no conhecimento dos cinco sentidos, o que, conseqüentemente, construiu uma auto-imagem errada.
No seu interior, Terry visualizava Deus da mesma forma. Ela não acreditava que Deus pudesse se preocupar com ela, pois Ele não “supria suas necessidades”. Então, concluiu, tristemente, que Ele a rejeitaria também. Prova disso era o fato de Ele não lhe ter provido um marido.
O resultado era que Terry queria confiar em Deus. Mas ela não conseguia, por estar muito irada com Ele e por pensar que Ele não se importava com ela e a rejeitava. Ninguém consegue confiar em uma pessoa com quem esteja irado ou que o tenha machucado. Terry estava clamando que Deus lhe desse um marido, sabedoria e direção, mas ela não estava conseguindo confiar Nele, por acreditar que Ele lhe fora infiel ao abandoná-la.
É importante notarmos que todas essas conclusões falsas provinham da interpretação lógica das experiências e das palavras ditas no passado. Quando compartilhei com Terry a verdade sobre a identidade de Deus e do Seu amor por ela, ela começou a receber esse amor. Oramos novamente, e ela se arrependeu por ter acreditado nas mentiras sobre Deus, sobre homens e sobre si mesma. Ao permitir que o seu espírito dominasse sua mente, ela foi completamente liberta da amargura contra Deus. Eu lhe disse que, por ela estar ressentida contra Deus, ela não conseguia confiar Nele. O que aconteceu foi que a incredulidade a bloqueou, impedindo-a de compreender no espírito e ouvir a Deus. Eu lhe disse que, se ela buscasse Deus e tivesse o objetivo de compreender na esfera espiritual, sem racionalizar em sua mente, o Senhor falaria claramente com ela sobre as decisões nos negócios.
Três dias mais tarde, Terry compartilhou que Deus lhe havia dado direção específica e que ela estava tendo um tempo maravilhoso de comunhão com seu Pai.
Quando permitimos que nossas mentes usem apenas o raciocínio lógico para interpretar palavras e circunstâncias, somos guiados a conclusões tolas e bloqueamos a nossa capacidade de compreensão espiritual e a intimidade com o Senhor. Terry havia sido enganada ao interpretar palavras e experiências de acordo com sua própria mente natural.
A nossa mente humana possui a incrível capacidade de monitorar e receber informações, simultaneamente, do mundo natural e do mundo espiritual. Nossa mente e nossas emoções recebem informação natural através dos nossos cinco sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato), enquanto a nossa alma recebe informação do nosso espírito. Assim, quando nascemos, temos dois tipos diferentes de percepção disponíveis. Podemos tirar conclusões baseadas no conhecimento, compreendidas no espírito ou provenientes dos cinco sentidos.
A partir da nossa infância, o mundo nos treina para nós nos basearmos no conhecimento dos nossos cinco sentidos e nas nossas mentes humanas. Depois que nascemos, nosso Pai Celeste pode falar conosco por meio de nossos espíritos. Entretanto, nossas mentes estão tão programadas para rejeitar a informação espiritual e basear nossas opiniões e atitudes apenas no raciocínio “lógico” que continuamos pensando dessa maneira quando nos tornamos cristãos.
No geral, continuamos compreendendo a nossa identidade pessoal baseados nas imagens enraizadas profundamente em nossas almas, adquiridas pelo conhecimento dos cinco sentidos e pelo raciocínio humano. Em outras palavras, eu sou o que a minha mente e as minhas emoções dizem que sou. Eu considero a minha pessoa dessa maneira baseado na interpretação natural das minhas experiências e das palavras que os outros me dizem.
Deus quer que saibamos que os nossos cinco sentidos nem sempre nos fornecem a informação correta. As interpretações e as conclusões da mente fornecidas pelo conhecimento dos cinco sentidos são freqüentemente erradas. Isso é particularmente verdade quando tiramos conclusões sobre a nossa identidade pessoal e sobre o nosso relacionamento com Deus e com outros.
Por exemplo, suponhamos que uma menina de quatro anos, que ama muito seu pai, o vê construindo algo na garagem num sábado à tarde. Motivada pelo amor que tem por ele, a menina se aproxima do pai e tenta ajudá-lo ao segurar a tábua que ele está tentando pregar. Mas o pai, imerso em seu trabalho, não compreende o desejo da filha em ajudar e lhe diz rispidamente: “Vá para dentro brincar. Você não está vendo que o papai está trabalhando?”
Nesse ponto, a filha teve uma experiência proveniente da informação dos seus cinco sentidos. Ela vê o olhar na face de seu pai. Ela ouve as palavras que ele lhe dirigiu e ouve o tom da sua voz. Sua mente e suas emoções se empenham em interpretar essas experiências.
Baseada na informação que seus olhos, seus ouvidos, seu corpo e suas emoções captaram, ela conclui que:
1) O papai não a ama de verdade,
2) Se ele a ama, o seu trabalho é muito mais importante do que ela,
3) Ela não é uma bênção para ele, pelo contrário, ela é um estorvo,
4) Ela não deve tentar ajudá-lo nas próximas vezes, pois ele não quer ajuda.
Essa menina formou em sua alma imagens erradas. Elas não são a verdade e estão baseadas em interpretações erradas feitas pela mente humana através do conhecimento dos cinco sentidos. Contudo, elas se tornam profundamente enraizadas. É muito provável que, quando essa menina crescer, ela continue considerando a si mesma da mesma forma no seu relacionamento com seu marido e com o Senhor. Ela não compreenderá porque Ele não supre as suas necessidades ou porque ela se sente tão indigna de entrar em Sua presença. Para ela, seu marido sempre estará muito ocupado fazendo coisas importantes, enquanto ela não será importante para ele e fará apenas coisas irrelevantes. Tudo isso provém de imagens falsas baseadas na racionalização humana desenvolvidas na infância.
Deus não quer que usemos o raciocínio humano ou o conhecimento dos cinco sentidos para determinar a nossa identidade pessoal ou em nosso relacionamento com Ele e com outros. A Palavra de Deus diz em 1Coríntios 2:14: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”
O nosso raciocínio e as emoções humanas não nos levam à verdade de quem somos, de quem Deus é, de quem são os outros ou de como nos relacionamos com eles.
“Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação.” (1 Coríntios 1:21)
A nossa própria sabedoria humana não nos leva a conhecer a Deus. Podemos saber muitas coisas sobre Deus através da sabedoria humana, mas poderemos apenas conhecer a Deus através de nosso espírito nascido de novo. Jesus nos disse em João 4:23 que Deus é um espírito e que aqueles que O adoram devem adorá-Lo em espírito e em verdade. Podemos apenas nos relacionar com nosso Pai através do nosso espírito e devemos nos relacionar com Ele baseados na verdade de quem Ele é como um Espírito e de quem nós somos como espírito.
Não estou dizendo que você não precise da informação dos seus cinco sentidos. Para dirigir um carro, você precisa da informação proveniente dos seus cinco sentidos. Se você estiver num cruzamento, você precisa olhar primeiro e ver se o sinal está verde. Porém, você também precisa compreender outras informações no seu espírito. Um exemplo pode ser um carro que, ao virar a esquina sem obedecer aos sinais de trânsito, é imperceptível aos seus cinco sentidos.
Por que o conhecimento dos cinco sentidos é tão destrutivo nas áreas de identidade pessoal e de relacionamentos? Porque é basicamente através dos cinco sentidos que a nossa carne nos engana, aprisionando nosso mundo da alma. Nossas mentes estão tão programadas para tirar conclusões baseadas no conhecimento dos cinco sentidos que, geralmente, consideramos tolas as informação fornecidas pelo nosso espírito, como Paulo afirma em 1Coríntios 2:14.
O conhecimento dos cinco sentidos é resumido em uma só palavra: carne. Se a sua mente é dominada pela carne, a Palavra diz que você está odiando Deus. “Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Romanos 8:6-8)
A palavra grega traduzida como “inimizade”, no versículo sete, significa “ódio arraigado”. Em outras palavras, a mente estruturada na carne age contra Deus por meio de um ódio arraigado. Quando a sua mente é dominada pela carne, consciente ou inconscientemente, Deus diz que você está odiando-O. Por esta razão, a nossa justiça própria perante Deus é como trapos de imundícia (Isaías 64:6). Entretanto, queremos amar a Deus e determinamos amá-Lo em nosso espírito.
Vamos olhar um exemplo da Bíblia. O evangelho de Marcos registra um evento em que Jesus ensinava uma grande multidão em uma casa. Por causa da multidão, quatro homens, que traziam um paralítico para ser curado, não puderam se aproximar de Jesus. Sem hesitarem, eles subiram até o teto e desceram o paralítico ao lado de Jesus.
“Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados. Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Porque arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?” (Marcos 2:5-9)
Essa passagem deixa claro a diferença entre o raciocínio dos escribas em seus corações e a compreensão de Jesus no Seu espírito. Os escribas não compreenderam nada em seus espíritos. Seus espíritos estavam mortos para Deus. Eles apenas sabiam como receber o conhecimento dos cinco sentidos e avaliar de acordo com o poder do raciocínio lógico em suas mentes.
A palavra grega traduzida como “raciocínio”, nessa passagem, é dialogizomai. Essa é a palavra no grego da qual se deriva no inglês a palavra “diálogo”. Essa palavra é composta de duas outras palavras gregas:
1) dia, uma preposição que denota um canal de um ato. Significa “através ou por instrumentalidade” e
2) logizomai, um verbo que significa “avaliar, concluir, raciocinar, considerar, supor, ou calcular”.
Ela provém da raiz grega da palavra em inglês “lógica” ou raciocinar e calcular na mente pela lógica. Assim, dialogizomai significa o processo de tirar uma conclusão através ou pela instrumentalidade de avaliar (descobrindo os prós e os contras) ou raciocinando, considerando e calculando a “verdade” na mente através da lógica.
Foi assim que os escribas avaliaram a identidade de Jesus, seus ensinos e suas palavras. A avaliação deles os levou a uma conclusão falsa. Em vez de descobrirem a verdade e de serem libertos (João 8:32), eles foram levados ao engano e a uma escravidão ainda maior do pecado em sua carne.
Jesus, por outro lado, não “logizomai” os escribas. Ele não pensou: “Eles estão me olhando de maneira estranha. O que será que eles estão pensando? Provavelmente, eles não gostam do que eu estou falando. Acho que eles não gostam de mim. Bem, não importa. Sei que estou certo e eles são um bando de hipócritas.” Não! Jesus não raciocinou em sua mente o que as pessoas estavam pensando ou fazendo, ou como elas estavam se relacionando com Ele. A Bíblia diz que Jesus “percebeu em Seu espírito que eles estavam raciocinando em seus corações”.
A palavra grega traduzida em Marcos 2:8 como “perceber” é epiginosko. Essa palavra também provém de duas raízes gregas:
1) epi, uma preposição que significa “a sobreposição de” e
2) ginosko , um verbo que significa “saber, estar consciente de ou perceber”.
Em outras palavras, o conhecimento ou a conscientização é sobreposta na mente, mas não provém da racionalização lógica. Então, onde o conhecimento ou a percepção é sobreposta? Marcos 2:8 nos diz que Jesus “epiginosko” ou percebeu no Seu espírito. Jesus sabia em Seu espírito o que os escribas estavam pensando porque Deus lhe mostrou. Jesus tirou conclusões corretas sobre si mesmo, sobre o paralítico e sobre os escribas e agiu de acordo com elas.
Os escribas, por outro lado, tiraram conclusões erradas sobre si mesmos (orgulho, justiça própria), sobre Jesus (blasfemador) e sobre o paralítico (pecaminoso, doente, adoentado, devido ao pecado e indigno de ser perdoado e curado). Ali estavam homens que desejavam servir a Deus e achavam que estavam fazendo isso. Entretanto, eles estavam sendo enganados pela sua própria carne e estavam, na realidade, odiando a Deus.
Freqüentemente, nós, cristãos, fazemos as mesmas coisas que os escribas fizeram. Empregamos o raciocínio humano para interpretar o conhecimento dos cinco sentidos e tiramos conclusões erradas sobre a nossa identidade pessoal, sobre a identidade de Deus, sobre a identidade das pessoas e sobre a verdadeira natureza dos nossos relacionamentos com Deus e com outros. Acabamos odiando a Deus porque, sem que percebamos, nossas mentes são dominadas pela carne. Pensamos que estamos no espírito e que amamos a Deus, mas, por alguma razão, as coisas simplesmente não dão certo.
As escrituras dão vários exemplos de pessoas que buscaram honestamente a verdade, mas cujas mentes estavam tão programadas que não conseguiram compreender a verdade espiritual.
Por exemplo, em João 3, Nicodemos buscou Jesus, mas sua mente continuava fazendo com que ele tirasse conclusões tolas. Jesus lhe disse que ele tinha que nascer de novo. Entretanto, Nicodemos não compreendeu no seu espírito e raciocinou em sua mente como uma pessoa poderia entrar novamente no ventre e nascer de novo. Jesus falou que o espírito é como o vento, mas Nicodemos não conseguia entender aquilo também. Por quê? Porque a mente humana não consegue compreender as coisas do espírito. Elas precisam ser discernidas espiritualmente.
Como a maioria dos cristãos, você, provavelmente, discerniu no seu espírito e também raciocinou em sua mente. É possível compreender no espírito por um momento e depois raciocinar na mente sobre diferentes questões. Isso aconteceu com os discípulos de Jesus em Mateus 16.
“Ora, tendo os discípulos passado para o outro lado, esqueceram-se de levar pão. E Jesus lhes disse: Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Eles, porém, discorriam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão. Percebendo-o Jesus, disse: Por que discorreis entre vós, homens de pequena fé, sobre o não terdes pão? Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos tomastes? Nem dos sete pães para os quatro mil e de quantos cestos tomastes? Como não compreendeis que não vos falei a respeito de pães? E sim: acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Então, entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.” (Mateus 16:5-12)
Nessa passagem, Jesus se referiu ao ensino dos fariseus e dos saduceus. Mas seus discípulos, por agirem na carne, pensaram que Jesus deveria estar preocupado porque eles haviam se esquecido de trazer o almoço e Ele estava com fome. Eles chegaram àquela brilhante conclusão dirigidos pela carne através do raciocínio lógico. Eles tinham se esquecido de que a falta de pão não era um problema para Jesus, que, pouco tempo antes, havia multiplicado sete pães e alguns peixinhos para alimentar as multidões.
A falta de pão não era problema para Jesus. Mas os discípulos não entenderam a verdade espiritual por não estarem recebendo informações do seu espírito. Eles estavam permitindo que a sua carne dominasse suas mentes e, assim, recebessem informações apenas dos seus cinco sentidos (dos seus estômagos, provavelmente).
Entretanto, na próxima parte do capítulo, Pedro recebe em seu espírito algo do Espírito de Deus .
“Indo Jesus para os lados de Cesaréía de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhes afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está no céus.” (Mateus 16:13-17)
Jesus confirmou que a revelação de Pedro sobre a Sua verdadeira identidade não viera do raciocínio carnal, mas do Pai, que está nos céus. Imediatamente, depois disso, Pedro pára de andar no espírito e começa a andar na carne.
“Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrara seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressucitado no terceiro dia. E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.” (Mateus 16:21 -23)
Jesus disse a Pedro que a sua mente havia dominado a sua carne e que ele estava tirando conclusões baseado no interesse do homem, não no de Deus. Jesus notou que Satanás estava operando na carne de Pedro para frustrar os propósitos de Deus.
Portanto, Mateus 16 mostra os discípulos andando no raciocínio natural e também de acordo com a revelação. Quando eles compreendiam no espírito, eles recebiam revelações maravilhosas de Deus. Quando raciocinavam na carne, tiravam conclusões ridículas e perdiam sua fé em Deus.
Assim, você pode concluir que o pensamento do mundo nos leva a conclusões tolas relacionadas às coisas de Deus. Receber a Palavra de Deus apenas intelectualmente e racionalizá-la fará com que você acabe tirando as mesmas conclusões tolas.
Constantemente, o mundo nos ensina a misturar a lógica com a Palavra de Deus. O mundo crê que o conhecimento e a compreensão trazem liberdade. Além disso, o mundo enxerga as pessoas como se tivessem “problemas pessoais”, “desordens emocionais” e “desequilíbrios psicológicos.” A compreensão mundana diz e crê que, se as pessoas compreenderem a raiz desses problemas e lidarem com eles ao mudarem o pensamento ou o comportamento, então, os problemas serão resolvidos. A “carne” cristã não é muito diferente, porque ela crê que, se as pessoas encontrarem os princípios bíblicos que foram quebrados, compreenderem e aplicarem esses princípios bíblicos, os problemas desaparecerão.
Quando os cristãos fazem isso, eles compreendem a Palavra de Deus apenas em suas mentes humanas. Isso sempre resulta em fracasso e frustração. Resumindo, Deus quer que andemos no espírito.
Quando paramos de tentar raciocinar a Palavra de Deus e permitimos que ela permeie o nosso espírito, para que a compreendamos em nosso espírito, em vez de filtrá-la por meio de nossa mente carnal, a Palavra se torna espírito e vida e explode dentro de nós. Ao ser estimulada pela Palavra, a vida eterna de Cristo emana em nossos espíritos e a Palavra enche a nossa alma, trazendo vida, paz e liberdade.
Jesus disse que as Suas palavras são espírito e vida. Mas, quando Seus ouvintes as recebiam apenas em suas mentes humanas, as mesmas palavras não eram espírito e vida para eles. Da mesma forma, quando Jesus disse aos seus discípulos: “Se comerdes da minha carne e beberdes do meu sangue, terás a vida eterna”, eles não conseguiam compreender essa mensagem em suas mentes humanas. Pelo contrário, eles murmuraram e reclamaram.
“Estas coisas disse Jesus, quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum. Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou-os: Isto vos escandaliza? Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (João 6:59-63)
Se ganharmos apenas a compreensão intelectual da palavra, ela não será espírito e vida para nós. É por isso que, freqüentemente, os seminários têm dificuldade de produzir líderes cheios de fé, espírito e vida. Se usarmos o método mundano para compreender a Palavra de Deus, teremos resultados proporcionais a esse método. Paulo expressou isso da seguinte maneira:
“Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.” (1Coríntios 2:1-2)
Nossa mente pode até conseguir produzir teorias e sistemas brilhantes e bons ensinos da Palavra, mas se tais ensinos procederem do nosso poder natural de raciocínio, subitamente, concluímos que eles nasceram da nossa carne. Não importa quão bons ou brilhantes eles aparentem ser, esses ensinos farão com que vocês e as pessoas que os escutam confiem em si mesmas, enquanto pensam que estão confiando em Deus. Esses pensamentos anulam a cruz de Cristo.
Esses são exatamente os pensamentos que minha amiga Jean compartilhou comigo. O resultado? Compreendi que os meus ensinos, freqüentemente, não eram ungidos. Quando Jean ministrou essa verdade a mim, na Polônia, fiquei ofendido e magoado pelas suas palavras. Entretanto, eu sabia o suficiente para crucificar o poder do raciocínio humano na interpretação da informação. Em vez de tentar raciocinar as suas palavras na minha mente humana, decidi pedir ao meu Pai que me desse a revelação no espírito. Esse foi o início do processo de receber algumas das revelações mais profundas da Palavra de Deus e do Espírito que eu já havia recebido em toda a minha vida. Louvado seja o Senhor!
Palavra ou Cal
Durante esse período de convicção na Polônia, o Senhor me mostrou que o meu ensino não era ungido e que, se qualquer pessoa reagisse a ele, isso geralmente acontecia não por causa da convicção do pecado motivado pelo Espírito, mas a algo que vim a denominar de “manipulação da Palavra”. Deus me mostrou que eu havia usado a Palavra para manipular as pessoas com a intenção de transformá-las. Eu estava usando a Palavra para tentar convencer as pessoas do pecado para que elas se arrependessem. Eu também usei a Palavra para manipular os crentes a seguirem Jesus.
As pessoas que reagiam àquela manipulação não eram verdadeiramente libertas. Elas permitiam que sua carne fosse manipulada pela minha carne, e não havia uma convicção real do Espírito que conduzia ao arrependimento verdadeiro.
“Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca.” (Tiago 3:14-15)
A sabedoria humana, que emana da nossa própria carne e entra em nossa mente, não vem de Deus e desafia a Verdade. Ela não é apenas não espiritual e terrena, mas demoníaca. A nossa própria sabedoria humana não é apenas neutra ou má, nossa alma, quando governada pela carne, torna-se a área em que os espíritos demoníacos adquirem poder.
Deus me disse: “Se você continuar a se mover na sua própria habilidade da alma e da sabedoria humana, suas idéias brilhantes e a sua sabedoria não serão apenas ineficazes e tolas, mas terão origem demoníaca e o levarão a uma súbita e enganosa rebelião e desprezo pela Verdade.
Os cristãos que utilizam suas mentes humanas para compreender a Palavra acabarão inventando meras doutrinas e idéias de origens demoníacas. Isso não acontece somente com os Mórmons, Testemunhas de Jeová ou com a Ciência Cristã. Isso pode acontecer numa igreja nascida de novo e cheia do Espírito, pode acontecer até mesmo em sua igreja.
Você já ouviu falar em doutrinas como aquela que declara que Deus não opera mais milagres nos dias de hoje? Ou que os dons do Espírito não são para o presente? Ou: “Se você não falar em línguas, você não nasceu de novo”? Essas doutrinas são ensinadas por pessoas nascidas de novo que estão em igrejas nascidas de novo. Sua origem é demoníaca. As conclusões foram tiradas por cristãos que amavam a Deus, mas que tentaram compreender a Palavra através de suas mentes humanas.
E com relação aos pequenos desvios da verdade com o intuito de atingir bons objetivos? E o ministério que embeleza, sempre tão sutilmente, uma história no jornal para que aparente ser mais poderosa e as pessoas sejam motivadas a ofertar mais? O que é isso? É manipulação mundana. Os fins justificam os meios.
Dizemos: “Temos mais dinheiro para expandir o evangelho e para salvar as pessoas.” Essa é uma sabedoria puramente humana e de origem demoníaca. Entretanto, os cristãos fazem isso todo o tempo.
E o ministério que envia uma carta apelativa com as seguintes palavras escritas no envelope: “Urgente, abra imediatamente” ou “Emergência. Carteiro, entregue imediatamente”? Dentro está escrito: “Emergência. Estamos com um déficit de $250.000,00. Precisamos ter essa quantia até (tal e tal data). Se você não contribuir, teremos que cortar alguns de nossos programas ministeriais mais importantes. Dependemos de você. Por favor, envie a maior quantia possível.”
Isso é manipulação da alma com o propósito de gerar dinheiro para o ministério. Esse ministério não está confiando no Espírito de Deus para motivar as pessoas, no espírito, a dar. É uma tentativa de motivar através da culpa ao apelar à carne. Freqüentemente, tais cartas usam frases como: “Estamos contando com você” ou “Dependemos de você”. Se um ministério me diz que depende de mim, sei, imediatamente, que ele está com grandes problemas.
E o apelo ao orgulho das pessoas para motivá-las a dar? O que você pensa sobre ofertar para exaltar os nomes dos doadores importantes ao alistá-los em placas ou outras técnicas que encorajem doadores em potencial a andar em orgulho? Isso não ajuda um doador a viver no espírito ou a dar no espírito.
Essas técnicas são planejadas pela sabedoria humana, e creio que tem uma origem demoníaca. Elas são projetadas pelo pensamento carnal de pessoas no ministério para estimular a motivação carnal em doadores em potencial. Essa não é a sabedoria que vem de cima. É a mesma sabedoria na qual Saul caminhou em 1 Samuel 28. Na realidade, é uma rebelião contra Deus.
Quando o Espírito me revelou tudo isso, meu espírito ficou profundamente abalado. Jesus me disse: “Quando você filtra a Palavra de Deus através das tradições e doutrinas humanas e da mente humana e, depois, tenta despejá-las em outros, você anula a Palavra.” A sabedoria do homem desnuda a Palavra do seu poder. Se você misturar a compreensão humana, dos cinco sentidos, da Palavra com a Palavra, você a invalida.
“invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes.” (Marcos 7:13)
Se misturarmos a Palavra de Deus com as idéias do homem, desnudamos a Palavra de poder em nossas vidas. Não filtre a Escritura por meio de teorias e doutrinas humanas. Não use a Palavra para manipular outros a cumprirem com “o propósito de Deus” em suas vidas. Receba a Palavra de Deus no espírito e permita que a sua mente seja renovada por ela. Somente assim ela poderá transformar a sua vida e a vida de outras pessoas.
Muito daquilo que chamamos de “aconselhamento cristão” é, na realidade, manipulação da Palavra. Ele usa a palavra de Deus na mente natural, de acordo com o raciocínio dos cinco sentidos, para modificar o pensamento e o comportamento da pessoa aconselhada. Isso é como pôr band-aid no câncer ou cobrir enormes buracos nas estruturas das paredes com cal.
“Visto que andam enganando, sim, enganando o meu povo, dizendo: Paz, quando não há paz, e quando se edifica uma parede, e os profetas a caiam, dize aos que a caiam que ela ruirá. Haverá chuva de inundar: Vós, ó pedras de saraivada, caireis, e tu, vento tempestuoso, irromperás. Ora, eis que, caindo a parede, não vos dirão: Onde está o cal com que a caiastes? Portanto, assim diz o Senhor Deus: Tempestuoso vento farei irromper no meu furor, e chuva de inundar haverá na minha ira, e pedras de saraivada, na minha indignação, para a consumir. Derribarei a parede que caiastes, darei com ela por terra, e o seu fundamento se descobrirá; quando cair, perecereis no meio dela e sabereis que eu sou o Senhor. Assim, cumprirei o meu furor contra a parede e contra os que a caiaram e vos direi: a parede já não existe, nem aqueles que a caiaram.” (Ezequiel 13:10-15)
Deus não quer que usemos nossas teorias ou a Sua Palavra para transformarmos a nossa carne. Ele quer que recebamos a Sua Palavra em nosso espírito, permitindo que ela nos convença de quaisquer áreas de predominância carnal e nos arrependamos.
Nosso Pai deseja falar ao nosso espírito. Ele deseja que paremos de nos relacionar com Ele, de O avaliar e de avaliarmos a nós mesmos baseados na interpretação lógica. Quanto mais oramos e lemos a Palavra diariamente, mais o Espírito Santo pode nos mostrar onde estamos vivendo em nossa mente humana. Então, encontramos a libertação, pois podemos nos arrepender e permitir que as nossas mentes sejam renovadas para a verdade do espírito.
Bibliografia:
Capa:

Livro: “Enganado Eu?” – Título Original: “Decieved Who Me?”
Autor: Craig Hill
Editora: Bless – Gráfica e Editora Ltda.
Tradução: Ariane Nishimura
Revisão: Murse Bossay
Sinopse: O objetivo deste livro é expor os impulsos carnais ocultos e dirigir o leitor ao caminho da liberdade, para que possa andar no Espírito.
Modelo: 3 edição - 2005 - 220 pág. - Formato:14x21cm
Peso por unidade: 0.25 Kg
Valor R$28,00
Compre aqui na UDF – Universidade da Família.
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